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Crítica do Filme: Bad Boys Para Sempre (Netflix)

Fonte: TMDB

Quem diria que, quase 25 anos após o primeiro “Bad Boys”, a dupla mais insana de Miami voltaria às telas com o mesmo carisma (e mais algumas rugas), metralhadoras ainda maiores e piadas que atravessam gerações? Bad Boys Para Sempre (2020), o terceiro capítulo da franquia, estreou em grande estilo e agora está disponível na Netflix, pronto para conquistar novos fãs e matar a saudade dos veteranos.

Dirigido por Adil El Arbi e Bilall Fallah, o longa surpreendeu ao equilibrar nostalgia com renovação. Mas será que esse retorno explosivo da dupla Mike Lowrey (Will Smith) e Marcus Burnett (Martin Lawrence) realmente entrega algo novo? Ou estamos apenas presos à adrenalina de um passado glorioso? Prepare-se para uma crítica que vai direto ao alvo – com direito a tiros, piadas e reflexões inesperadas.


Dois Policiais, Uma Cidade e Muitas Pendências: O Enredo que Reacende o Fogo

A trama de Bad Boys Para Sempre começa com uma mudança de perspectiva: Marcus quer se aposentar da polícia e curtir a vida em paz com sua família. Já Mike continua obcecado pela adrenalina das ruas, vivendo como se o tempo não tivesse passado. Até que, de repente, o passado bate à porta — e não de forma sutil.

Um atentado quase fatal contra Mike e o surgimento de um novo vilão ligado a antigas cicatrizes do passado colocam a dupla de volta à ativa. Só que agora, não são mais os mesmos. O mundo mudou, os métodos mudaram, e os “Bad Boys” precisam provar que ainda sabem como se faz… mesmo com dores nas costas e joelhos rangendo.

A partir daí, o filme nos conduz por uma narrativa que mistura vingança, redenção e laços familiares — com reviravoltas que surpreendem e cenas de ação dignas dos grandes blockbusters.


Will Smith e Martin Lawrence: O Combustível da Franquia

Fonte: TMDB

Vamos ser honestos: sem Will Smith e Martin Lawrence, Bad Boys não existiria. A química entre os dois continua sendo o coração pulsante do filme. Smith entrega um Mike Lowrey com uma camada emocional que raramente vimos antes: mais sombrio, mais humano. Já Lawrence nos presenteia com um Marcus mais engraçado e espiritualmente evoluído, mas ainda capaz de arrancar risadas com seu jeitão estabanado.

O contraste entre eles funciona como sempre — e, nesta versão, ganha uma nova profundidade. A maturidade dos atores se reflete nos personagens. Ainda há muita comédia, claro, mas também há espaço para reflexões sobre envelhecer, mudar de rumo e lidar com perdas.


Explosões, Velocidade e Cenas de Tiro: Ação na Medida Certa

Se você está esperando ação, fique tranquilo: Bad Boys Para Sempre entrega de sobra. Mas diferente dos filmes anteriores, aqui a ação tem mais propósito. As perseguições são eletrizantes, as lutas são coreografadas com precisão, e há um cuidado maior com a construção das cenas — resultado direto da direção da dupla belga, que trouxe uma energia jovem e estilizada.

A fotografia noturna de Miami, os jogos de luz neon, os enquadramentos ousados… tudo contribui para uma estética moderna, sem perder a essência do original. É um filme que sabe onde está pisando — e pisa firme.


AMMO: A Nova Geração Tenta Brilhar

Um dos elementos novos é a introdução da equipe AMMO (Advanced Miami Metro Operations), uma unidade moderna de policiais jovens e conectados, liderada por Rita (Paola Núñez). Com armamento de ponta, drones e protocolos high-tech, o grupo representa a “nova escola” da polícia.

A ideia é clara: contrastar os métodos da velha guarda com os novos tempos. E funciona… até certo ponto. Embora a presença da equipe adicione frescor à trama, nenhum dos novos personagens tem o mesmo peso ou carisma dos protagonistas. Eles funcionam mais como apoio do que como promessa de continuidade — mas a intenção de preparar terreno para o futuro está ali.


Humor com Propósito: Risadas Que Não Ofuscam o Drama

A franquia sempre foi conhecida por seu humor debochado e cenas hilárias, e Bad Boys Para Sempre mantém a tradição — mas com uma dose extra de consciência. As piadas agora carregam um quê de maturidade, e o riso vem muitas vezes com um toque de melancolia.

Marcus, por exemplo, está mais reflexivo. Suas piadas sobre aposentadoria e medo de morrer funcionam como válvulas de escape para temas mais densos, como fé, culpa e medo de perder quem se ama. Já Mike, com seu comportamento impulsivo, ganha camadas dramáticas ao encarar verdades dolorosas.

O equilíbrio entre humor e emoção é um dos grandes méritos do roteiro, que respeita a inteligência do público sem perder a leveza característica da saga.


Reviravoltas de Impacto: Quando o Passado Bate à Porta (Com Força)

Sem dar spoilers, vale dizer que o roteiro traz uma virada bastante ousada envolvendo o passado de Mike Lowrey. Essa reviravolta, embora improvável, adiciona complexidade à trama e muda o tom do filme na segunda metade.

Ela mostra que os roteiristas não queriam apenas repetir a fórmula dos anteriores. Eles ousaram mexer na história do personagem de forma significativa, dando mais profundidade e criando um vínculo emocional mais forte com o espectador.

Essa decisão pode dividir opiniões, mas não dá para negar que elevou o filme de um simples “filme de ação com piadas” para algo mais dramático e impactante.


Trilha Sonora: O Ritmo Certo para Cada Explosão

O hip-hop, o reggaeton e as batidas eletrônicas estão presentes em peso — e não é por acaso. A trilha sonora de Bad Boys Para Sempre é moderna, vibrante e acompanha bem o ritmo acelerado da narrativa.

A música reforça a identidade do filme como algo urbano, multicultural e conectado com o presente. E, claro, não poderia faltar a clássica música-tema dos Bad Boys, que volta em momentos pontuais, trazendo um sorriso nostálgico a quem acompanhou a franquia desde o início.


Temas Que Vão Além das Balas: Família, Lealdade e Perdão

Entre as explosões e as piadas, Bad Boys Para Sempre também fala sobre temas universais. O filme mergulha na ideia de legado, reconciliação com o passado e escolhas que nos definem.

A paternidade — biológica e simbólica — é um tema forte aqui. Assim como a amizade incondicional, que resiste ao tempo, às brigas e aos caminhos divergentes. A lealdade entre Mike e Marcus continua sendo o eixo moral da história, e é tocante ver como esse vínculo é colocado à prova.

Há também um olhar para a redenção. Vilões que carregam motivações pessoais e não são apenas “caras maus”. Isso enriquece a trama e nos lembra que, mesmo em um blockbuster, é possível provocar reflexão.


Conclusão: Um Retorno à Altura — e Com Sabor de Recomeço

Bad Boys Para Sempre poderia facilmente ter sido apenas um filme de ação genérico que tenta reviver uma franquia já gasta. Mas não é isso que acontece. O longa respeita o passado, inova na medida certa, e entrega o que o público espera: ação de qualidade, humor afiado e um toque emocional que surpreende.

Will Smith e Martin Lawrence mostram que ainda têm muito gás, e a direção moderna injeta uma nova vida na saga. Não é só uma continuação — é uma evolução. E mais: é um lembrete de que, mesmo com o passar do tempo, algumas duplas são simplesmente insubstituíveis.


Vale a Pena Assistir? Com Certeza. E Mais de Uma Vez

Se você é fã da franquia, não vai se decepcionar. Se está chegando agora, prepare-se para rir, se emocionar e sair da sessão com vontade de ligar para aquele velho amigo e dizer: “Somos Bad Boys para sempre”. Porque algumas conexões são eternas — com ou sem distintivo.